Redemec mostra a força dos pequenos em Itabuna

Giovani Fernandes de Oliveira
JBO

 

O desafio parecia impossível de ser vencido. Era uma espécie de luta de Davi contra Golias: tornar o preço de um quilo de feijão vendido em um pequeno supermercado da periferia de Itabuna tão competitivo quanto o comercializado pelas grandes redes varejistas instaladas na cidade. Mais que fazer frente à poderosa concorrência, os pequenos supermercadistas sabiam que esta era a única alternativa que teriam para garantir a sobrevivência do próprio negócio.

“O conceito defendido era simples”, revela Giovani Fernandes de Oliveira, proprietário de um dos estabelecimentos envolvidos no projeto. “Se vários ‘fracos’ se unem, temos um forte para nos defender”, completa. Resultado: dez anos depois, a união se tornou um dos mais bem-sucedidos projetos de associativismo do sul da Bahia: a Redemec (Associação de Mercados e Supermercados de Bairro de Itabuna).

O projeto ganhou novos ingredientes e vida própria a partir de uma parceria firmada com o Sebrae. A organização, com planejamento e apoio técnico, fez o negócio evoluir. Para além da compra coletiva, o grupo investiu na padronização das ações, como confecção de encartes, fardamento, fachadas, sacolas e embalagens.

Também criou um festival de prêmios, com distribuição de brindes em datas especiais de promoção do comércio. Empresários e trabalhadores passaram a participar de treinamentos específicos para atender ao consumidor. Foram implementados serviços diferenciados, a exemplo da entrega a domicílio.

“Identificamos que o consumidor considera três importantes fatores para comprar conosco: proximidade, atendimento e preço”, assegura Giovani, que além, de empresário, é o atual presidente da rede, hoje composta por 16 associados que atendem a 40 bairros e a uma população estimada em 50 mil habitantes. Há bainda outros números que impressionam no resultado deste trabalho.

Um levantamento feito pela própria Diretoria da Redemec aponta que o faturamento mensal do grupo chega, em média, a R$ 1,8 milhão. Até cartão de crédito personalizado foi disponibilizado para fidelizar mais clientes. Estes pequenos mercados garantem 158 empregos diretos. Na maioria dos casos, os trabalhadores moram no entorno do negócio.

Samara Ramos trabalha há dois anos em uma das empresas da rede. Não pensa em sair. “Aqui estou trabalhando e perto de casa”, afirma. Desde que se organizaram, os pequenos empresários conseguiram aumentar em 60% o número de trabalhadores com carteira assinada. Em parceria com o Sebrae, a Redemec é presença permanente em grandes feiras e rodadas de negócio realizadas por todo o Brasil. O crédito, que antes era escasso, agora é ilimitado.

“A presença do Sebrae ao nosso lado dava uma espécie de aval ao grupo”, lembra o presidente da Redemec. A conquista da rede também tem forte influência no número de indústrias que passaram a oferecer crédito ao grupo: quadruplicou a quantidade de parceiros. “O mais importante de tudo é que eles não se acomodam”, elogia Karla Peixoto, gestora do Projeto Comércio e Serviço do Sebrae em Itabuna.